A apresentação perfeita

A palavra “pitch” não tem uma tradução evidente em português. Como tantas outras, vi-a sempre usada assim mesmo, em inglês, no mundo das agências de publicidade, significando o esforço de conquista de um cliente. Esforço que muitas vezes tem o seu ponto culminante numa apresentação, cuja preparação pode levar muitas semanas e incluir um considerável show-off.

Perfect Pitch refere-se tanto a todo este processo de preparação de uma apresentação de negócio como à própria apresentação.

Comprei este livro porque o vi recomendado por Steve Harrison no livro How to Do Better Creative Work. Uma recomendação feita por ele tem um grande peso para mim. Também ajudou o facto de eu anteriormente já ter lido o Truth, Lies and Advertising, do mesmo Jon Steel, e ter aprendido muito com ele.

Devo dizer que o livro talvez não cumpra todas as suas promessas. É apresentado como um guia para preparar qualquer tipo de “pitch” – para qualquer tipo de negócio. Não acho que faça mal lê-lo se no seu negócio tiver que fazer apresentações para, por exemplo, conquistar contratos de construção civil junto de entidades locais – mas talvez fique um pouco decepcionado por quase todos os exemplos virem do mesmo ou sítio, ou seja, da publicidade.

Um dos pontos fortes do livro são justamente as ótimas histórias que ilustram cada argumento, a maior parte vinda da experiência do autor em algumas das melhores agências de publicidade do mundo. Por isso, se trabalha no marketing ou na publicidade, não há dúvida de que este é um livro que deve comprar.

O próprio processo de planeamento e criação das campanhas é descrito aqui com muito maior profundidade do que seria necessário se o verdadeiro tema do livro fosse “a apresentação perfeita” em geral – para qualquer negócio, não apenas a a publicidade.

Há, aliás, uma analogia recorrente entre o processo criativo que dá origem a uma campanha e a preparação de um “perfect pitch”. Steel mostra como passam pelas mesmas fases, descritas há muito tempo por James Webb Young em A Technique for Generating Ideas – um clássico da publicidade de 1939.

Também pode ser frustrante para um leitor normal que quase todos os exemplos suponham uma riqueza de recursos na preparação da apresentação que a maior parte dos indivíduos ou empresas nem sonha ter. Contar com a empresa inteira a trabalhar na conquista de um projeto durante vários meses, produzir inúmeros videos ou poder transformer uma sala de hotel num cenário de Hollywood é algo que se pode bancar quando se está a disputar a conta global de uma marca automóvel ou a realização dos Jogos olímpicos na sua cidade, mas não em muitos outros casos.

Há exceções: o livro tem uma brilhante análise da comunicação das prostitutas inglesas inglesas numa cabine telefónica. O budget de produção e media aí era zero – mas nem por isso deixa de haver oportunidades, fantasticamente aproveitadas num caso, de se destacar.

Resumindo, é um grande livro, que recomendo. Particularmente para quem está na publicidade, numa grande empresa – ou então está a tentar descobrir como tornar o seu pequeno negócio uma delas.

 

Jayme Kopke

 

 

 

Categorias:
Comunicação de marketing, livros, Vendas, vida empresarial
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