Quando não estou a pensar em comunicação de marketing, às vezes entretenho-me a pintar umas aguarelas. Ainda sou iniciante, mas há uma coisa que já aprendi: enquanto a tinta está molhada, todas as cores parecem muito fortes e ficamos com medo de carregar demasiado. Só que, depois, quando o desenho seca, tudo desbota. E aí descobrimos que afinal devíamos ter posto mais tinta.

Lembrei-me disto porque há algo bastante parecido na comunicação das empresas. O responsável de marketing muitas vezes também tem medo de carregar demasiado.

“Neste vídeo dizemos que a nossa empresa é a melhor. Será que vamos parecer convencidos? Estaremos a ofender a concorrência?”

“Temos mesmo de enviar 3 emails? As pessoas não vão ficar chateadas com a insistência?

“Os nossos conteúdos seguem a mesma linha há um ano. Já cansa! Não será altura de variar?”

São preocupações legítimas. Mas, cada vez que as ouço, lembro-me da aguarela.

Na fase da elaboração – quando a tinta ainda está molhada – todas as suas mensagens parecem saltar aos olhos.

Mas isto é só porque, no contexto artificial de um departamento de marketing, lhes damos imensa atenção.

Seria ótimo que o seu público-alvo fizesse o mesmo. Mas não.

Lá fora, a competir com milhares de outros estímulos, tudo o que a sua empresa diz desbota.

Significa que muitos dos seus eventuais receios sobre o que as pessoas possam pensar não se justificam.

Quase sempre elas não vão pensar nada, porque simplesmente não vão ver a sua mensagem. Ou, se a virem, será de forma rápida e distraída.

Por isso, quer o conselho de um aprendiz de aguarelista? Carregue nas tintas.

Não tenha medo de comunicar. Com graça. Com verve. Com ousadia.

Cultivar a timidez nunca foi a melhor forma de dar nas vistas.

Nem passar despercebido a melhor forma de vender.