As 1001 maneiras de recolher e partilhar informação na Internet.

Entre as maiores razões de queixa dos empreendedores portugueses conta-se o acesso à informação de qualidade. Por isso é importante divulgar aqui um conjunto de ferramentas que o ajudarão a encontrar e a partilhar conteúdos úteis.

Comecemos por um exemplo: o senhor Libério, produtor de vinhos, que no próximo Outono apresentará ao mercado o “Castro Laboreiro”, um belíssimo Touriga Nacional muito encorpado, cheio de taninos, com sugestões de frutos silvestres. A pomada tem robustez para cair no goto dos apreciadores, mas para isso é necessário divulgá-la. O senhor Libério precisa de ideias para promover o seu vinho com eficácia e, já agora, ser reconhecido entre os lideres de opinião na sua área de negócios. Como não tem orçamento de marketing, deseja utilizar as ferramentas gratuitas da internet. O que fazer?

1. Investigar

Uma boa maneira de recolher informação sem esforço – exemplos, conselhos, estratégias de promoção de vinhos – será utilizar o Google Alerts. Ao inserir os termos de pesquisa “wine marketing” ou “marketing de vinhos”, o nosso produtor vai receber periodicamente conteúdos sobre este tema na sua morada do Gmail. A seguir, ele pode encontrar blogs da especialidade recorrendo ao Google Blog Search: numa pesquisa de 30 segundos terá acesso a fontes de informação preciosas, como o Wine Marketer ou interessante Think Wine Marketing. Se fizer a pesquisa em português descobrirá, além de alguns blogs de apreciadores (e futuros contactos), que existe uma pós-graduação em marketing de vinhos no Instituto politécnico de Viana do Castelo. Valerá a pena?

Mas o senhor Libério não tem tempo a perder: ele quer informação actualizada ao minuto e deseja estabelecer relações próximas com os apaixonados pelo vinho. Por isso adere ao Twitter e faz outra breve pesquisa, que logo nos primeiros resultados lhe revela links para estes dois artigos além de uma profusão de gente curiosa que pode seguir. Em duas penadas, ele ficou com uma lista de recursos e outra de contactos.

Entusiasmado, vai ao Alltop (“wine”) e ao Wefollow para saber quem é mais lido lá fora, e depois, aproveitando as suas descobertas no Google Blog Search, percorre o blogroll de alguns fanáticos portugueses. Em breve fará parte do fórum da Revista de Vinhos, da Nova Crítica, e de outras comunidades dinâmicas. O que ganha com isso? Mais amigos para as ocasiões.

2. Anotar

Uma hora depois, o senhor Libério tem o caderninho de apontamentos cheio de ideias e as bookmarks do computador a abarrotar. Está na altura de ele descobrir o Delicious, um serviço de bookmarking social — partilhado por uma vasta comunidade — que permite aos utilizadores classificar páginas por tags, salvar, gerir e distribuir links a partir de uma única origem: a internet. A partir de agora, ele consegue ter acesso aos seus sites mais úteis a em qualquer computador. E se usar o Stumbleupon, pode ainda apontar favoritos e descobrir conteúdos do seu interesse, previamente avaliados por outros leitores.

Para substituir com vantagem o seu pequeno bloco de papel existe o Evernote, um recurso que centraliza anotações na web. Este aide-memóire gratuito permite usar o computador pessoal, o telemóvel e a internet para depositar fotos, textos, links, clips de páginas online e ficheiros de várias qualidades. E claro, pode ser consultado numa mercearia do Burkina Fasso, quando houver necessidade.

3. Organizar

É verdade que todas as ferramentas anteriores, principalmente o Delicious, o ajudam a organizar informação. Mas a certa altura chega a fase em que preparamos a informação para ser usada num contexto específico, como por exemplo um conteúdo a elaborar. Para este efeito, não conheço melhor instrumento que o Google Reader. O Google Reader é um leitor de RSS Feeds, ou seja, de informação agregada num formato standard, que lhe permite receber numa só página todos os conteúdos periódicos úteis à sua actividade: desde blogs, a artigos de revistas online, a notícias frescas, a qualquer momento. Você só tem que subscrever as moradas que os produzem (como os blogs americanos que citei anteriormente) e irá receber os futuros posts até anular a sua subscrição.

Ora, é muito fácil preparar esses feeds para serem mastigados posteriormente. Com o Google Reader você pode acrescentar “tags” (palavras-chave que facilitam a pesquisa), anotações (que ficam guardadas numa directoria própria) e atribuir estrelas a cada uma das páginas recebidas.

O Google Reader: uma excelente ferramenta para preparar informação.

Se o senhor Libério quisesse fazer um dossier sobre Técnicas de Marketing de Vinhos, por exemplo, o seu método poderia ser este:

1. Ao subscrever um blog adicionar-lhe-ia um conjunto de tags específicas (por exemplo “Vinhos_Portugal”, ou “Vinhos_no_Facebook”).

2. Depois dava uma estrela ao posts com conteúdos mais interessantes.

3. Finalmente, quando se preparasse para ir buscar informação mais detalhada, percorria os posts com estrelas e acrescentava aos mais pertinentes a seguinte nota: “incluir no dossier de Portugal”.

Como os intrumentos de pesquisa do Google Reader permitem arrolar todos os páginas, tags, estrelas e anotações, em poucos minutos seria possível ao nosso produtor de vinhos preferido escolher a informação essencial para o ajudar a fazer um excelente dossier.

4. Planear

Agora que já tem as suas informações recolhidas, anotadas e organizadas como deve ser, falta dar um princípio, meio e fim ao exigente dossier. Para isso, nada como pegar numa folha e desenhar um mapa mental do seu projecto. Eu escrevi folha? Perdão: queria dizer antes Mind Note, uma aplicação gratuita (para Mac) que lhe permite estruturar visualmente informação, relacioná-la e tentar perceber como ela se agrupa da maneira mais eficiente para satisfazer a curiosidade dos destinatários. Com o Mind Note, o senhor Libério decide o que deve excluir e incluir no índice do seu dossier, e segue para a segunda fase do planeamento: definir tarefas.

Fazer um dossier de marketing não é como beber um Touriga Nacional ao fim da tarde: exige uma coordenação de actividades mais sofisticada do que levar o copo à boca e intercalá-lo com uma fatia de queijo da Serra. Há que definir prazos, para que o projecto não dure até às vindimas. É preciso preencher as áreas menos aprofundadas, talvez com uma ou duas entrevistas. Ora, o senhor Libério está um pouco cansado de tanta nova tecnologia e espera que o seu sobrinho Adolfo, que é jornalista, compense algumas limitações da sua educação informal.

Bem-vindo ao Basecamp, amigo. O Basecamp é a única ferramenta paga desta enorme lista. Mas que ferramenta: com ela, o autor de qualquer projecto define listas de tarefas, datas limite, atribuição de horários, e ainda assinala as que foram ou não completadas. Se o senhor Libério quiser que o Adolfo entreviste o famoso produtor Manuel Quintinha, por exemplo, ele pode planear uma lista de perguntas, agendar a conversa, impôr um dia em Fevereiro como prazo para que o trabalho não se atrase, e vigiar a execução a cargo do seu estouvado sobrinho. Quando a entrevista estiver pronta, o ficheiro até pode ser acrescentado ao projecto e partilhado com os seu sócios em Lisboa.

5. Colaborar

Por falar nisso, o Libério e o Adolfo precisam de chegar a acordo quanto a alguns capítulos do dossier. Há arestas para limar. O problema é, como sempre, a funesta teimosia dos Travassos — tio e sobrinho. Felizmente para eles, dispõem de duas excelentes ferramentas de colaboração: o Google Wave e o PBWorks. O primeiro ainda está em fase de lançamento. É um serviço que agrupa o email, as mensagens em tempo real, a partiha de ficheiros e muitas outras aplicações em waves (ou núcleos temáticos) facilmente editáveis por todos os convidados. Assim, os dois familiares podem reunir-se online, trocar mensagens e editá-las sem perderem o fio à meada. As waves guardam a história de cada trabalho de um modo fácil de consultar.

Quando o dossier ficar mais extenso, recomenda-se o uso do PBWorks, um serviço wiki ideal para compor textos de maior fôlego a quatro ou mais mãos, editáveis pelos colaboradores. As últimas alterações ficam sempre visíveis, bem como tudo o que alguém apagou. As várias versões podem ser guardadas em segurança, e no final, impressas ou exportadas para outros formatos de texto.

Depois: comunicar e monitorizar a informação.

Com o dossier concluído, é natural que o senhor Libério o queira exibir aos amigos. Afinal, é mais que um documento: é uma obra de arte. Para alcançar esse objectivo existem variadas ferramentas de comunicação, partilha de conteúdos e monitorização de resultados. Mas isso é assunto para um outro post.

Luís Jorge
Redactor, colabora pontualmente com a Hamlet

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Categorias:
Marketing B2B, O mundo online, PME
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