A engenheira que sabia demais
Algumas empresas estão tão por dentro do que fazem que não têm a noção de como esse conhecimento nada tem de óbvio. Pela mesma razão, também não se dão conta de como é valioso, e como seria útil traduzi-lo para os simples mortais.
Há uns dias, aqui na Hamlet, recebemos um pedido de um cliente que quer lançar um novo produto.
Na reunião inicial, a engenheira responsável pelo projeto explicou-nos tudo em detalhe.
E eu, pelo menos, não percebi nada.
Não é que a engenheira não tivesse as ideias claras ou não soubesse do que estava a falar.
Pelo contrário. Conhecia o assunto tão bem que não lhe era fácil descer ao nível de um não-técnico como eu. Não por arrogância, mas por não lhe ocorrer que alguém pudesse desconhecer conceitos que para ela são tão básicos. Ao explicá-los, tinha o receio de me estar a chamar estúpido.
Muitas empresas que vendem a outras empresas são como essa engenheira. Sabem tanto do que fazem que já nem notam o quanto esse conhecimento é fora do comum.
O que tem duas consequências. Uma é comunicarem como a nossa engenheira: de forma tecnicamente impecável, mas que é chinês para os profanos.
A outra, ainda mais frequente, é nem sequer comunicarem.
Como o que sabem lhes é tão natural, pensam que também é banal para as outras pessoas. E não sentem a necessidade de o explicar ao mundo.
Com isso, o mundo fica a perder. E a empresa desperdiça a oportunidade de mostrar o quanto é único o que sabe e faz.
No caso da nossa engenheira, quando conseguimos que explicasse o beabá bem devagarinho, entendemos que o seu produto é incrível.
E vamos ajudar a explicá-lo de forma ainda mais simples aos seus clientes – alguns dos quais, como eu, não são técnicos.
E a sua empresa: terá consciência de quanto o que sabe é especial?
Trazer, de forma simples, esse conhecimento cá para fora é uma poderosa ferramenta para dar visibilidade e estatuto à sua marca.
É o tipo de marketing pelo qual o mundo lhe vai agradecer.