E a cultura em Portugal, como vai? Mal, obrigado.
Francisco Cruz, marketeer cultural, responsável pela promoção de artistas como Rodrigo Leão, os Madredeus ou António Chainho, enviou-me os resultados do estudo Europe: Cultural Access and participation 2013, editado esta semana pela Comissão Europeia. Trata-se do primeiro estudo sobre a Atividade Cultural dos europeus desde 2007.
Os sublinhados do Francisco:
- “Mais de 70% dos portugueses não foram uma única vez ao cinema nos últimos 12 meses. Dados iguais à Roménia e à Bulgária.
- O Estudo indica que assistir/ouvir programas na televisão/rádio são as atividades culturais mais comuns na União Europeia (72% pelo menos uma vez nos últimos 12 meses), seguindo-se depois a leitura de um livro com 68%.
- As visitas a bibliotecas públicas também não são comuns em Portugal, como referem os dados. Em Portugal, apenas 15% dos cidadãos visitaram uma biblioteca no ano passado, registando-se uma quebra de nove pontos percentuais. Na Europa, a média é de 31%.
- Apenas cerca de 40% de portugueses lêem um livro por ano.
- As idas ao teatro também não fazem parte dos planos da maioria dos português, uma vez que 87% dos cidadãos diz não ter ido ao teatro no último ano – uma quebra de seis pontos percentuais.
- Nas visitas a monumentos históricos e a museus e galerias Portugal também surge no fundo da lista – apenas 30% (menos oito pontos percentuais) visitaram monumentos e 17% (menos sete pontos percentuais) foram a museus e galerias.
- Também a participação nos concertos sofreu uma queda, quando se comparam os dados com o inquérito de 2007. No geral a participação europeia nesta actividade é de 35% (menos dois pontos percentuais que 2007), enquanto em Portugal é de 19% (menos quatro pontos percentuais). De acordo com os inquiridos, 25% alegou não ir a concertos por questões económicas (Portugal 35%),
- Portugal na cauda da Europa no que diz respeito à participação cultural
- Portugueses entre os que participam menos nas actividades culturais, a par de países como a Grécia, a Roménia e a Bulgária”.
Ainda citando o Francisco Cruz: “O que me choca neste estudo é o facto das elites políticas, económicas e financeiras portuguesa ainda não terem compreendido ( ao contrário do que acontece nos países civilizados ) que a nossa Cultura ( nas suas diversas áreas ) constitui uma extraordinária ferramenta para projectar a imagem de Portugal: marcas, empresas e instituições em Portugal e no estrangeiro.”
Nem mais.
Jayme Kopke
da Hamlet
P.S. O estudo, para quem o quiser consultar em detalhe, está aqui.