Por que tantas candidaturas de emprego ficam sem resposta?
Há algum tempo surpreendi no Linkedin uma discussão cujo tema era:
Porque é que numa resposta a um anúncio de emprego, onde não há interesse por parte do empregador, não se contactam os candidatos? A responsabilidade social poderia começar por aqui.
Esta foi a minha resposta:
Boa parte da responsabilidade cabe, lamento dizê-lo, aos candidatos.
Recentemente a Hamlet publicou um anúncio para uma vaga em que referia que os candidatos não deveriam enviar CV mas uma carta em word anexada ao e-mail. Recebemos dezenas e dezenas de e-mails com CV e sem nenhuma carta. Os candidatos não se deram sequer ao trabalho de ler o anúncio, pegaram no seu e-mail padrão de candidatura e toca a enviar para ver se pega.
Também recebemos muitos e-mails com candidaturas espontâneas (assim como muitas propostas de fornecedores). Se as fôssemos ler ou responder a todas não fazíamos mais nada. Felizmente (ou não) quem envia ajuda muito a fazer a triagem – auto-excluindo-se imediatamente do nosso radar.
A maior parte vem com um subject perfeitamente indiferenciado (do tipo”Candidatura Espontânea” – duh!), que revela, sem necessidade de qualquer entrevista, que o candidato não se incomodou em pesquisar a empresa e o mercado, em encontrar um argumento irresistível para atrair o interesse do potencial empregador e em colocar esse argumento na montra – ou seja, no assunto do email. O texto que vem lá dentro não costuma ser diferente. E o anexo – normalmente um CV igual a inúmeros outros – não vem sequer identificado, por fora, com o nome do candidato, o que dificulta a sua catalogação por parte da empresa.
Ou seja, se os candidatos não fazem o seu trabalho de casa, por que é que competiria à empresa, cujo recurso mais escasso é sempre o tempo, o ónus de ler, organizar e responder a todas essas mensagens indiferenciadas?
Da forma como normalmente são enviadas, as candidaturas que costumamos receber têm um nome: SPAM. Vão, por isso, e com muita pena nossa, para a caixa de correio correspondente.
Porque ao fim e ao cabo é só disso que se trata: comunicação. Uma área em que as escolas, universidades e centros de emprego seguramente não estão a fazer o seu trabalho, que seria dar a essas pessoas à procura de emprego um mínimo de orientação. Por exemplo com dicas, que podem ser muito simples e práticas, sobre como fazer um e-mail de candidatura com probabilidade de ser lido.