O Marketing Pode Salvar o Mundo?

Não sei se também acontece à sua volta. Eu, nos meios por onde ando, fico sempre espantado com a quantidade de pessoas que metem alegremente os dentes na mão que lhes dá de comer.

Nas redes sociais isto é bem visível: é aquela malta que está sempre a dizer mal do “sistema” em que vivemos. Basicamente, do capitalismo.

São pessoas que podem estar dentro das empresas,  e mesmo em posições de topo, mas mantêm esta curiosa dualidade mental. Por um lado, servem o tal “sistema” – frequentemente com zelo e competência – e aceitam sem grandes remorsos todo o bem-estar material que ele proporciona. Ao mesmo tempo, no Facebook ou nas conversas de café, são rápidas a reduzi-lo aos seus defeitos.

O marketing e a publicidade, que são a montra da execrável máquina capitalista, obviamente também não gozam de boa imprensa nesses círculos.

“Não diga à minha mãe que trabalho na publicidade. Ela acha que sou pianista num bordel”. A frase, título de um livro de Jacques Séguéla, é de 1979. Mas a atitude que retrata não mudou muito desde então. Mesmo, como já nessa altura, entre os profissionais do setor.

Manipulador, amoral, o marketing seria a arma dos sórdidos capitalistas para nos levarem ao consumismo desenfreado, com todas as suas nefastas consequências. Vivemos vidas vazias, porque somos consumistas. Damos cabo da saúde e do planeta. E ainda por cima engordamos.

Tudo isso, não porque gostemos de consumir – que ideia! Mas porque o marketing e a publicidade nos induzem, pobres de nós, a cair nas suas tentações.

É um raciocínio reconfortante, não fosse o facto de passar por cima de alguns detalhes. Por exemplo, a questão da responsabilidade de quem consome… é tão mais fácil pô-la na conta do tal “sistema”.

Depois, se nos  deixamos “manipular” pelo marketing, não será porque ele nos oferece exatamente aquilo que queremos? Se não o quiséssemos, se não gostássemos de todas as fontes de bem-estar que consumimos, não haveria budget publicitário suficiente para nos convencer.

Face a tamanho consenso de que o marketing é uma coisa má, é estranho que tão poucas vozes se dêem ao trabalho de contrargumentar. Mesmo quem não o diaboliza contenta-se, no máximo, com o silêncio.

Por isso é tão refrescante quando aparece alguém que não apenas defende o procedimento básico do marketing – propor uma nova perspectiva sobre o que que se quer  promover – mas que proclama alto e bom som os seus enormes benefícios. Não só os que já produz, como os que poderia produzir, se fosse aplicado mais vezes e sem complexos.

Mais refrescante ainda é quando esse elogio do marketing e da comunicação persuasiva é feito de forma hilariante, como nesta palestra dada há alguns anos por Rory Sutherland. É imperdível. Prepare-se para rir, pensar – e, eventualmente, para mudar a sua visão sobre o que o marketing pode fazer para melhorar o mundo em que vivemos.

Jayme Kopke

Categorias:
Comunicação de marketing, cultura, pessoas, vida empresarial
partilhe
Facebook
linkedin
Whatsapp
email
fechar
close
Newsletter B2B da Hamlet - A sua fonte de conhecimento e atualização contínua sobre marketing e comunicação business-to-business
Em conformidade com o Regulamento Geral da Proteção de Dados da União Europeia, informamos que ao clicar "Subscrever":
1) Aceita receber as nossas comunicações por email.
2) Autoriza que as informações que forneceu sejam transferidas para o nosso parceiro de marketing Mailchimp para processamento.
Saiba mais sobre as práticas de privacidade do Mailchimp.
close

Newsletter B2B da Hamlet

Precisa vender ou comunicar com empresas ou públicos profissionais? Bem-vindo à Newsletter B2B da Hamlet. A sua fonte de conhecimento e atualização contínua sobre marketing e comunicação business-to-business.
Em conformidade com o Regulamento Geral da Proteção de Dados da União Europeia, informamos que ao clicar "Subscrever":
1) Aceita receber as nossas comunicações por email.
2) Autoriza que as informações que forneceu sejam transferidas para o nosso parceiro de marketing Mailchimp para processamento.
Saiba mais sobre as práticas de privacidade do Mailchimp.