Is big brother watching me?
A informação que circula sobre nós aumenta exponencialmente todos os dias e não há indícios de que a tendência se altere.
Tudo – ou quase – de que nós gostamos ou que fazemos deixou de pertencer ao domínio estritamente privado a partir do momento em que partilhamos informação pessoal ou deixamos rasto dos nossos comportamentos. Is big brother watching us?
Na realidade até existem muitos big brothers, é mais uma big family. A utilização de cartões bancários revela gostos e hábitos de consumo, os sistemas de informação presentes no quotidiano – como nos transportes públicos por exemplo – dizem por onde andamos e por quanto tempo, qualquer pesquisa feita no Google desvenda um pouco mais de nós, etc. E o que dizer dos emails que enviamos ou das redes sociais em que partilhamos a nossa vida com centenas de pessoas que, por sua vez, podem partilhá-la com outras centenas? Também vos deixo imaginar a informação que pode ser retirada do uso que damos ao nosso telemóvel – e mesmo ao que não damos pois o GPS já fornece muita informação só por si.
E onde é que isto tudo nos pode levar? Bem, pode levar aqui, por exemplo:
Assustador, não?
E terá mesmo de ser assustador?
Claro que tanta informação usada com fins menos próprios pode assustar, mas a captação e utilização dessa informação não está ao alcance de qualquer um (felizmente!). E se a informação for usada em nosso benefício?
É como o dilema do copo meio vazio ou meio cheio. Vejamos o copo meio cheio: um banco pode antecipar os nossos desejos ou as nossas necessidades propondo soluções inovadoras desde que lhe permitamos usar a informação que já tem acerca de nós. O nosso telemóvel pode receber ofertas e informações úteis em real time através de apps que saibam por onde andamos e de que é que gostamos. A nossa televisão pode mostrar apenas o que interessa a cada um e avisar-nos sempre que for passar alguma coisa que não vamos querer perder.
Enfim, a lista de possibilidades é imensa e só vai tender a crescer à medida que as tecnologias se vão aprimorando. Só para dar umexemplo que aconteceu comigo: faço uma pesquisa aprofundada no Google sobre um guru do marketing e quando, passado algum tempo, uso o Facebook aparece uma publicidade no meu mural a vender-me o último livro escrito por esse mesmo guru. Ninguém acredita em coincidências, certo? E garanto-vos que não fiquei aborrecido pela publicidade imposta pois dizia respeito a um interesse que eu realmente tinha.
Então em que é que ficamos: copo meio vazio ou meio cheio? Diga-me como é o seu.
Manuel Caetano
da Hamlet