Comunicar sem dinheiro (ou: o que os grandes anunciantes deveriam aprender com os pequenos).
Se há alguém que tem grandes budgets, são as grandes empresas. E quem diz budgets, diz recursos: equipas para fazer as coisas funcionar, sem as quais mesmo os grandes budgets não servem para grande coisa.
O problema é que as grandes empresas não têm apenas grandes budgets. Têm também pequenos budgets – para projectos que os seus responsáveis consideram de grande importância, mas que não conseguem convencer a administração a financiar como deve ser. E quem diz pequenos budgets, diz às vezes budget nenhum.
O que fazem, então, nas grandes empresas, os responsáveis destes projectos órfãos? Pessoalmente já vi alguns gestores espernear um pouco, e depois, conformados, cruzar os braços. OK, não temos budget, fazemos um cartazito e um folheto e já está. Nada de estratégia online. Nada de vídeo. Nada de ambição. No money, no fun.
Entretanto, pelo mundo todo, pequenas, mesmo pequeníssimas empresas confrontam-se todos os dias com o mesmo problema e dão-lhe uma resposta totalmente diferente. Desde quando a falta de dinheiro impediu alguém de abrir uma conta no twitter e usá-la para promover os seus serviços? Desde quando é preciso um budget milionário para criar um blog, um canal no youtube ou uma página no facebook e a partir dela arregimentar uma legião de fãs?
Haverá com certeza excepções, mas a forma típica de pensar a comunicação nas grandes empresas é a mesma de há 10 ou 15 anos. Dêem-me cá o meu budget e eu começo a pensar onde gastá-lo. Sem dinheiro fico confuso, não sei muito bem em que hei de pensar. Não tenho equipa, só uns estagiários que nem sabem o que é um plano de meios (embora até me pudessem dar umas aulas de social media, que é coisa que sei que existe mas é tipo um passatempo, não?).
Pouco importa se nestes 10 ou 15 anos o mundo já mudou várias vezes. Na verdade, é bem mais fácil mudar o mundo do que a cabeça de muitos gestores.
Director-Geral da Hamlet