É daquelas frases que ouvimos todos os dias – especialmente quando estamos a discutir estratégias de comunicação.

Ouvimo-la com tanta frequência que já ninguém se atreve a perguntar se é mesmo assim.

E se as consequências que tiramos disso – do género: não vamos fazer emails longos, por exemplo – são mesmo as corretas.

Mas serão? Bora lá ver o que dizem os dados.

Por um lado, de acordo com esta reportagem, é verdade que:

• Em 2022, por exemplo, 58% dos portugueses acima de 16 anos não leram nenhum livro
• Apenas 5% leram mais de dez livros no ano inteiro

Só que, de acordo com a mesma fonte, também é verdade que:

• Nos primeiros nove meses de 2024, foram vendidos quase 9,5 milhões de livros – 6% a mais do que no mesmo período de 2023
• O valor total das vendas neste período cresceu 9,1%
• De acordo com esta outra reportagem , só no terceiro trimestre foram lançados 2.535 novos livros, uma média de 27,5 novos títulos por dia

Confuso? Ou, simplesmente, complexo – como a realidade costuma ser?

Para quem está no marketing, no entanto, a primeira conclusão deveria ser bem simples.

Cuidado com as leituras apressadas da realidade. E, principalmente, cuidado com frases que começam com “as pessoas”.

As pessoas? Mas quais pessoas?

Os jovens entre 25 e 29 anos (que  têm puxado o crescimento da venda de livros)? Os C-level de grandes empresas de serviços? As mulheres entre 20 e 35 com filhos que moram nas cidades do litoral?

Para orientar as decisões sobre a comunicação da sua empresa uma frase como “as pessoas já não leem” não serve para nada.

A não ser que o seu target seja “as pessoas”. Mas não é, pois não?

Quer ajuda para comunicar com base em dados e numa compreensão cuidadosa do seu público-alvo?

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