8 passos para a sua empresa nunca mais adiar um projeto importante
Acontece com os indivíduos e aposto que também na sua empresa: alguém tem uma ideia, você decide que é boa e que deve avançar. Mas depois adia, adia, adia… Muitos projetos morrem assim, e com eles as ambições de crescimento de muitas empresas. Também é o caso na sua? Então descubra neste artigo os 8 passos para a sua empresa nunca mais adiar um projeto importante.
Em muitas empresas com quem tenho lidado esta é uma história que se repete.
Alguém no marketing sentiu que há um problema a resolver, ou uma oportunidade para levar a marca a um patamar diferente.
Vai daí, pede à Hamlet (mas podia ser a outro parceiro qualquer) uma proposta de solução. Nós apresentamos um caminho e o decisor concorda. Pensou no assunto e faz todo o sentido. Por isso…
“Falamos daqui a uns meses”.
Como?
“Vamos ter de esperar um pouco”.
“Não estão reunidas as condições”.
“Ainda não conseguimos dar prioridade”.
Quando ouço uma resposta assim, já sei o que vai acontecer ao projeto. R.I.P..
Mas já não fico surpreendido. Sei que, na maior parte das empresas, adiar é uma doença endémica, que faz muitos estragos. E é difícil combater.
E percebe-se porquê. Se pegar em qualquer livro de desenvolvimento pessoal, especialmente se for voltado para os negócios, o tópico “Combater o vício de adiar” é infalível. Enquanto indivíduos, todos sabemos que temos de vencê-lo, se queremos que alguma coisa mude na nossa vida.
Nas organizações, que são feitas de indivíduos, como poderia não haver o mesmo mau hábito? Só que ainda mais teimoso, por juntar as desculpas e racionalizações de muita gente.
Tão mau para as empresas como para si
Quando o vício de adiar está presente, o problema não são só os projetos que a empresa deixa de realizar. É a sua própria capacidade de iniciativa que fica ferida de morte.
Cada vez que deixa para depois algo que decidiu fazer, deixa também que vá crescendo a ideia de que o projeto é difícil, longínquo, impossível. Acessível a outros, mas não a si.
Na realidade, a razão pela qual ele não se realiza é que você não dá o primeiro passo. Mas, na sua cabeça, cada projeto que não acontece reforça a crença numa espécie de fatalidade. Você e a empresa seriam, de alguma forma, menos: menos ousados, menos criativos, menos empreendedores, menos visionários, menos capazes.
E esta é daquelas profecias que se auto-realizam. Se você e os seus colegas acreditam que “não conseguir” está no seu ADN, que motivação têm para tentar?
Mas há uma boa notícia. Se este é um hábito de que os indivíduos se podem curar, as empresas também podem. Vamos ver como?
Adiar, nunca mais: como livrar a sua empresa do vício
Nas pessoas como nas empresas, adiar pode ser simplesmente um mau hábito – algo que um dia se instalou, porque fomos deixando. E porque nós, seres humanos, somos seres de hábitos.
Também pode ser uma estratégia de auto-sabotagem, com motivações psicológicas complexas e inconscientes.
O problema é que se, para deixar de adiar, for preciso analisar e desmontar esses mecanismos inconscientes, esqueça. Seria mais um projeto a ir para a gaveta, à espera de melhores dias.
Felizmente há um caminho mais simples. Em vez de começar pela psicologia, esperando que uma nova atitude altere a sua forma de agir, faça o contrário: mude a forma de agir, e a atitude mudará em seguida. É garantido.
Mas, para isto funcionar, há uma condição. Tem de começar hoje.
O segredo para começar – e não parar
Nas empresas, como nos indivíduos, a única maneira de combater o vício de adiar é… não adiar esse combate. É preciso começar. Já.
Parece óbvio? Mas é porque é mesmo.
Qualquer que seja o projeto que a sua empresa tenha na prateleira, se já decidiu que é importante e tem de ser feito, tire-o de lá e comece hoje.
Mas como, se justamente a dificuldade de começar é o que torna o hábito de adiar tão resistente? Se fosse fácil já o tínhamos feito, não?
É verdade. O segredo, então, é tornar o próprio projeto fácil. Ou, pelo menos, por tornar simples – ridiculamente simples – o primeiro passo.
Quando um decisor adia um projeto porque “não estão reunidas as condições”, provavelmente tem razão – se for para realizar o projeto inteiro.
Mas se for, por exemplo, para pôr no papel um plano sumário do que quer fazer, listar os recursos necessários e os disponíveis – será que as condições não existem?
Claro que existem: só é preciso ter uma folha de papel e uma caneta.
E como é tão simples, ao fim de 5 minutos o primeiro passo já está. Agora só falta dar o segundo, que pode ser tão simples como o primeiro. Por exemplo, completar esse plano com um calendário.
Calendário que deve ser realista, mas feito de maneira que o projeto nunca pare.
Isto significa que deve ter prazos curtos, etapas simples e atribuições de tarefas claras, para que cada pessoa envolvida saiba exatamente o que tem a fazer. E, mais uma vez, essas tarefas devem ser, tanto quanto possível, muito fáceis. Assim ninguém tem desculpa para adiar.
Planeado dessa maneira, um projeto que parecia imenso e complicado torna-se uma sucessão de passinhos e microetapas fáceis de cumprir.
Nem é preciso dizer que cada etapa vencida traz uma sensação positiva, que aumenta a motivação para dar o próximo passinho. E assim, o projeto foi posto em andamento. Agora é só garantir que, depois disso, não pára.
Começar pequeno
Partir o projeto em pequenos passos é uma das maneiras de facilitar o começo. Mas há outra forma de aplicar o mesmo princípio: é reduzir o próprio projeto, começando por uma versão muito simplificada do que se quer fazer.
Aqui na Hamlet, por exemplo, andávamos há anos com a ideia de fazer vídeos regulares para comunicar com as nossas audiências.
Cada vez que pensávamos nisso concordávamos que sim, era importante, e que o íamos fazer. Um dia.
Quando houvesse tempo para comprar um microfone e uma câmera boa. Quando conseguíssemos estudar como se faz um vídeo para a internet como deve ser. Quando houvesse uma brecha no planeamento semanal para escrever os guiões, ensaiar e etcétera, etcétera, etcétera.
Claro que, como esse tempo nunca surgia, a ideia foi transitando de semana para semana. Da última vez que contei, tinham passado 4 anos!
Até que um dia decidimos, simplesmente, começar – mesmo sem ter a câmara, o microfone, a iluminação, os guiões e o tempo. Seria uma ideia na cabeça, um smartphone na mão e ação.
E assim fizemos. O investimento inicial foi de uma hora por semana para pôr as ideias no papel e 20 minutos, com um telemóvel, para gravar. Depois, a designer que então colaborava connosco fez uma edição muito básica. E já estava.
Assim, de um dia para o outro, os vídeos que durante anos pareceram uma coisa do outro mundo começaram a sair.
Obviamente, para já, não são vídeos profissionais: a luz é má, o cenário é pobre, a vedeta (que sou eu) às vezes engasga.
Mas a mensagem passou e – surpresa! – o feedback não foi mau. Os vídeos foram vistos, ganharam comentários e likes, houve quem os partilhasse. Estiveram a fazer um bom trabalho para a Hamlet.
Novamente, a ideia não é dar grandes passos de uma vez. Qualquer melhoria num projeto tem o potencial de o tornar mais complexo. É inevitável. O segredo está em não deixar que a complexidade se torne num pretexto para parar.
Como evitar recaídas
Começar, por si só, é tão decisivo que vai impedir que muitos dos projetos da sua empresa tenham morte prematura.
Para a fase seguinte – não parar – felizmente você tem um aliado na natureza humana: a força do hábito.
É um aliado que começou por ser o inimigo. Uma das razões pelas quais adiamos é que o novo, por definição, contraria os hábitos instalados.
O reverso da medalha é que, quando você associa a um projeto um conjunto de hábitos e rotinas, é essa mesma força que passa a protegê-lo.
Por exemplo: quando, aqui na Hamlet, decidimos fazer os tais vídeos com regularidade, estabelecemos logo que seriam feitos todas as quintas-feiras, e sempre à mesma hora. Bloqueámos essa hora no calendário. Com a regra de que era um compromisso sagrado.
E funcionou: depois do primeiro vídeo a rotina tornou-se automática.
Sintetizando: 8 passinhos para a sua empresa nunca mais adiar um projeto importante
1. Decida: é mesmo importante? Então comece.
• Se não for importante, tire-o da prateleira e ponha-no lixo.
• Se for importante mas não for para fazer agora, defina uma data em que deve ser iniciado. E volte a pegar nele nessa altura.
• Se for importante e prioritário, tire-o da prateleira e comece a realizá-lo.
2. Dê urgência: se é para fazer, comece agora
• Agora, no sentido de “nos próximos minutos”. “Já.” “Now”.
• Ok, se precisar ir à casa de banho antes, vá. E comece em seguida.
3. Defina as condições mínimas
• Quem é o líder?
• Quem mais vai participar?
• Qual é o primeiro passo? (Normalmente é um plano sumário e um cronograma).
4. Comece pequeno
• O seu projeto pode ter uma versão beta? Algo que seja fácil de fazer e ajude a confirmar que o esforço vale a pena? Então comece por aí.
5. Dê passos pequenos com prazos curtos
• No seu plano, defina etapas simples e tarefas relativamente fáceis.
• Estabeleça prazos claros e curtos para cada uma.
6. Controle
• Defina claramente os indicadores de que o projeto está ou não a avançar.
• Defina os momentos (pouco espaçados) em que vai fazendo essa avaliação.
7. Estabeleça rotinas
• Proteja o seu projeto com hábitos: rotinas que ajudem não só o controlo, mas a própria execução.
8. Vá crescendo pequeno
• Completada a etapa beta, avalie: valeu a pena o esforço? Vale a pena continuar?
• Se vale a pena, passe ao próximo nível.
• Seja qual for a ambição agora, use o mesmo princípio: muitos passos pequenos são mais fáceis de dar do que um grande.
Agora que sabe os passinhos a dar, já não tem desculpas. O que é que mesmo que a sua empresa estava a adiar e que pode começar a realizar hoje?
E, se tratar de um projeto que envolva marketing ou comunicação, também já sabe com quem pode contar. Fale com a Hamlet. Hoje.